Segundo Edson Moreira, 'ídolo' agiu como 'monstro'.
Responsáveis por morte de Eliza serão indiciados mesmo sem corpo.
O delegado afirma, com base em depoimentos, que Bruno ficou com Eliza o tempo todo e que demonstrava tranquilidade. Uma das principais testemunhas, um menor de idade, prestou depoimento na terça-feira (6), no Rio. O "Jornal Nacional" obteve acesso à integra do depoimento que o menor deu no Rio. No depoimento, o menor diz que ouviu Bruno pedir para 'resolverem o problema' com Eliza, mas não diz que o goleiro acompanhou Eliza para a morte.
O delegado Edson Moreira, em parceria com o também delegado Wagner Pinto, analisou declarações do menor no Rio de Janeiro e relatos feitos pelo adolescente no local em que teria ocorrido o crime, em Vespasiano (MG). Peritos estiveram no imóvel na quarta-feira (7), acompanhados pelo menor. Segundo os delegados, grande parte das informações do adolescente coincide com depoimentos de outras testemunhas ouvidas anteriormente pela polícia mineira.
Na noite de quarta-feira, o então advogado de Bruno, Michel Assef Filho, disse que o atleta nega o crime. Assef Filho disse ainda que o goleiro Bruno está "estarrecido" e afirmou desconhecer os fatos contados em depoimento pelo menor ouvido na terça. Nesta quinta, Michel Assef Filho deixou o caso alegando que trabalha para o Flamengo e, como o clube decidiu pela suspensão do contrato de Bruno, há um “conflito de interesses”. O advogado Ércio Quaresma assumiu a defesa de Bruno.
Eliza Samudio está desaparecida desde o início de junho. Nascida em Foz do Iguaçu (PR), ela se mudou para São Paulo e posteriormente para o Rio. Em 2009, teve um relacionamento com Bruno. Depois, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é Bruno. O filho nasceu no início de 2010. Desde então, busca na Justiça o reconhecimento de paternidade por parte de Bruno.
Na quarta-feira (7), Bruno teve a prisão temporária decretada no Rio. A polícia fluminense diz que ele é suspeito de ser o mandante do sequestro de Eliza. Em Minas, Bruno é investigado pelo homicídio da ex-amante.
Bruno no sítio
Na entrevista concedida nesta manhã, o delegado Edson Moreira disse: "Estavam no sítio do Bruno, em Esmeraldas (MG), quatro pessoas, além de Eliza e a criança. Três pessoas [Macarrão, o adolescente e Bruno] saíram com Eliza e o bebê do sítio sob a alegação de que eles seriam levados para um apartamento alugado. Nesse caminho, certamente o bebê foi levado para outro lugar e Eliza, Bruno, o adolescente e Macarrão foram para a casa de Neném. Em seguida, Bruno, Macarrão e o menor voltaram para o sítio apenas com a mala de Eliza, que foi queimada".
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, dono da casa em que estaria o corpo de Eliza Samudio, em Vespasiano (MG), seria o responsável pela execução, morte e desaparecimento da jovem, segundo o delegado Moreira. Ainda segundo o delegado, Bola, Paulista ou Neném, como é chamado o ex-policial, teve a prisão temporária solicitada pela polícia.
Segundo o delegado, "Bruno estava lá na casa [de Neném] e viu a mulher toda estourada. Acompanhou, segundo testemunhas, Eliza para seu sacrifício, para sua morte". "Um ídolo como o Bruno, de um grande time, e um monstro pelo que fez com essa moça. O crime foi planejado e friamente executado. Podemos concluir que Eliza está morta", diz Moreira.
De acordo com a polícia, Eliza e seu filho, de 4 meses, teriam sido levados do Rio de Janeiro para Belo Horizonte, de carro, com o menor e Macarrão. O carro que levou a jovem foi apreendido em 8 de junho e Eliza foi levada, em 9 de junho, para a casa em Vespasiano (MG), onde teria sido morta. Antes de ser executava, Eliza teria ficado no sítio do goleiro Bruno, em Esmeraldas.
Segundo o delegado Wagner Pinto, Macarrão, Bruno, o menor e Marcos estão diretamente envolvidos na morte de Eliza. "Fazendo o cruzamento das provas objetivas e subjetivas, como os depoimentos, podemos dizer que tudo aponta para a ocorrência de homicídio. O importante para nós é, a partir de agora, juntar todos esses elementos que indicam a efetiva participação do Macarrão, do Bruno e desse adolescente na trama criminosa, juntamente com o policial civil Marcos", diz.
Ele afirma que as buscas pelo corpo de Eliza vão continuar. "Nós temos que buscar o cadáver, mas se não encontrarmos, com todos esses elementos, certamente as pessoas envolvidas serão devidamente indiciadas e apresentadas à Justiça como autoras desse homicídio e pela ocultação do cadáver", diz. Segundo a polícia, as investigações irão apontar outros locais em que, eventualmente, o corpo pode ter sido desovado.
Ex-policial teria executado Eliza
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos seria o responsável pela execução de Eliza, segundo Moreira. Ainda segundo o delegado, Bola, Paulista ou Neném, como é chamado o ex-policial, teve a prisão temporária solicitada pela polícia.
Na quarta-feira, policiais entraram, por volta das 15h20, na casa em que estaria o corpo de Eliza. As equipes chegaram ao local orientadas pelo menor que prestou depoimento, na terça-feira (6), no Rio de Janeiro. Segundo a polícia, ele acompanhou os agentes durante a vistoria no local.
"O menor nos acompanhou nas buscas pela casa e chorava compulsivamente lembrando a cena do crime. Fomos ao local para verificar a versão apresentada pelo adolescente. A investigação está praticamente chegando a uma conclusão. Cerca de 80% do depoimento do adolescente é verdadeiro", diz Moreira.
Dentro da residência, segundo a polícia, nada de interesse investigativo foi encontrado. Um carro de propriedade do ex-policial foi apreendido. "Aparentemente havia manchas de sangue no carro. O carro foi conduzido para o Instituto de Criminalística para a realização do exame que vai definir se é sangue, se é de natureza humana e se é da Eliza. Esse laudo sairá rapidamente, mas não há data definida", diz o delegado Wagner Pinto.
De acordo com o delegado, que esteve no local com o menor, o adolescente descreveu com riqueza de detalhes o interior da casa, antes da entrada das equipes no imóvel. "Ele mencionou que havia vários cães da raça rottweiler no local e que o executor teria jogado parte do corpo de Eliza para os cachorros. Quando chegamos na casa, o menor apontou o local e ficou abalado", diz.
Ainda segundo as investigações, há indícios de que alguém estaria na casa e teria fugido ao perceber a chegada da polícia. "Percebemos que alguém estava na casa quando a polícia chegou. Um circuito externo de câmeras estava ligado, monitorado por uma televisão, que também estava ligada. A pia estava molhada e a janela estava aberta", diz Pinto. O delegado Moreira afirmou que há uma rota de fuga na casa.
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