sábado, 20 de maio de 2017

PSB decide virar oposição, e pede renúncia de Temer

Presidente perdeu as condições de governar e deve abrir mão do cargo

Afirma membros do PSDB


O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) - Ailton de Freitas / Agência O Globo / 2-2-2017
BRASÍLIA - Em reunião da Executiva do partido, o PSB decidiu partir para a oposição e pedir a renúncia do presidente Michel Temer. Para a cúpula da sigla, Temer perdeu as condições de governar e deve abrir mão do cargo. O PSB também resolveu que irá fechar questão em favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que antecipa as eleições diretas para presidente da República, que já vem sendo apelidada de “emenda das Diretas já”. Pela Constituição, em caso de vacância da cadeira de presidente a menos de dois anos do fim do mandato tem de ser feita uma eleição indireta na qual apenas deputados e senadores votam.
- O PSB tomará uma decisão de sugerir a renúncia do presidente, porque ele perdeu as condições de governar o país. Dentro desse ambiente de renúncia, que é uma decisão dele, pessoal, ou no caso de vacância do cargo, o PSB defende o respeito à Constituição, fortalecerá e fechará questão com relação à votação da emenda das Diretas Já - afirmou o secretário-geral do PSB, Renato Casagrande, complementando em seguida:
- Quem conclui que o presidente não tem mais condições de liderar um projeto nacional, se coloca de fato na oposição.

PSB decide virar oposição, e pede renúncia de Temer

Para a sigla, presidente perdeu as condições de governar e deve abrir mão do cargo.

POR 
 
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) - Ailton de Freitas / Agência O Globo / 2-2-2017
BRASÍLIA - Em reunião da Executiva do partido, o PSB decidiu partir para a oposição e pedir a renúncia do presidente Michel Temer. Para a cúpula da sigla, Temer perdeu as condições de governar e deve abrir mão do cargo. O PSB também resolveu que irá fechar questão em favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que antecipa as eleições diretas para presidente da República, que já vem sendo apelidada de “emenda das Diretas já”. Pela Constituição, em caso de vacância da cadeira de presidente a menos de dois anos do fim do mandato tem de ser feita uma eleição indireta na qual apenas deputados e senadores votam.
- O PSB tomará uma decisão de sugerir a renúncia do presidente, porque ele perdeu as condições de governar o país. Dentro desse ambiente de renúncia, que é uma decisão dele, pessoal, ou no caso de vacância do cargo, o PSB defende o respeito à Constituição, fortalecerá e fechará questão com relação à votação da emenda das Diretas Já - afirmou o secretário-geral do PSB, Renato Casagrande, complementando em seguida:
- Quem conclui que o presidente não tem mais condições de liderar um projeto nacional, se coloca de fato na oposição.
O PSB já ensaiava sair do governo, quando resolveu fechar questão contra as reformas trabalhista e da Previdência. A orientação do partido, no entanto, não foi cumprida por todos e no dia da votação da reforma trabalhista no plenário da Câmara o partido rachou: dos 30 deputados, 14 desobedeceram a sigla e votaram a favor do projeto. Ainda não está claro se o partido exigirá que o único ministro que a sigla tem dentro do governo, Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), demita-se ou, em recusando, saia do partido. O partido segue reunido e deve divulgar ao fim do encontro uma nota oficial.
- Talvez ele seja até implicado a pedir licença do partido para continuar exercendo [o comando do ministério]. Talvez ele queira ficar no navio tocando o violino do Titanic. Essa é uma opção dele - disse o deputado Júlio Delgado (MG), que também é membro da Executiva.
Desde a revelação pelo GLOBO da delação do dono da JBS, que gravou Temer tratando de mesada para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha em troca de seu silêncio, outros partidos decidiram abandonar o Palácio do Planalto. O PTN já se declarou como oposição e o PHS se reunirá para cravar uma posição que tende a ser nesse sentido. O PPS, que tinha dois ministérios, chegou a se manifestar pela renúncia de Temer e entregou um dos ministérios, o da Cultura, até quinta-feira comandado por Roberto Freire.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Em conversa gravada, Joesley diz a Temer que está 'segurando' dois juízes e que tem pessoa 'dentro da força tarefa' que passa informações

Diálogo foi gravado no Palácio do Jaburu e faz parte da delação do dono da JBS na Lava Jato. Secretaria de Comunicação da Presidência diz que Temer 'não acreditou' nas declarações do empresário.

Dono da JBS diz para Temer que está segurando Juízes
conversa gravada pelo dono da JBS Joesley Batista com Michel Temer, o empresário fala de sua situação como investigado da operação Lava Jato e revela ao presidente que está "segurando" dois juízes e que conseguiu uma pessoa "dentro da força-tarefa". "Também tá me dando informação", afirma.
Temer ouve o relato de Joesley sobre como o empresário tenta driblar as investigações e não faz nenhum comentário objetivo sobre o relato de Joesley. (ouça o trecho no vídeo acima)
Sobre esse trecho da gravação, Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República divulgou uma nota afirmando que "o presidente Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações. O empresário estava sendo objeto de inquérito e por isso parecia contar vantagem". "O presidente não poderia crer que um juiz e um membro do Ministério Público estivessem sendo cooptados", diz o texto.
Veja a transcrição do trecho da conversa:
Temer: Tem que manter isso, viu...
Joesley: Todo mês, também, eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu estou meio enrolado, assim, no processo assim...
Temer: [inaudível]
Joesley: Isso, isso, é, investigado. Eu não tenho ainda a denúncia. Então, aqui eu dei conta de um lado do juiz, dá uma segurada, do outro lado o juiz substituto que é um cara que ficou...
Temer: Está segurando os dois...
Joesley: É, segurando os dois. O, eu consegui um [inaudível] dentro da força tarefa que tá...
Temer: Tá lá...
Joesley: ...Também tá me dando informação. E lá que eu estou para dar conta de trocar o procurador, que está atrás de mim. Se eu der conta tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar, e tal. O lado ruim é que se vem um cara como...

Procurador preso

Após a delação dos donos da JBS, a Polícia Federal foi ao Tribunal Superior Eleitoral nesta quinta-feira (18) e cumpriu mandados de busca. A intenção é encontrar documentos que possam servir de prova contra o procurador da República Ângelo Goulart Villela, que trabalha na Corte Eleitoral, e que foi preso pela corporação nesta manhã. A defesa dele não foi localizada.
De acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Villela foi preso por suposto envolvimento com a operação Greenfield – que apura fraudes em fundos públicos de pensão e favorecimento a uma empresa de celulose controlada pelo conglomerado J&F, que também abarca o frigorífico JBS.
"É o presidente da República ouvindo crimes", diz Camarotti

terça-feira, 16 de maio de 2017

Ex-superintendente presa em operação é suspeita de usar propina para pagar faculdades de medicina, diz PF

Dinheiro era usado para custear despesas pessoais, aponta investigação. O marido e dois filhos de Adriana Carla foram presos.

Polícia Federal investiga corrupção em frigoríficos e no Ministério da Agricultura
Investigações da Polícia Federal apontam que a ex-superintendente do Ministério da Agricultura Adriana Carla Floresta Feitosa presa durante a operação “Lucas” nesta terça-feira (16), usava dinheiro de propina para custear despesas pessoais. Por meio de bloqueios de contas bancárias, a PF constatou que parte do dinheiro era usado para pagar boletos de faculdades. O ex-marido, o marido e dois filhos de Adriana também foram presos. Um deles é estudante de medicina em Gurupi. A operação foi deflagrada nesta terça-feira (16) em quatro estados e no Distrito Federal e investiga a corrupção envolvendo a servidora pública e empresas fiscalizadas, dentre frigoríficos e laticínios.
Ao todo, foram cumpridos 10 mandados de prisão contra Adriana; o atual marido, Humphrey Teixeira dos Santos; o ex-marido, Djalma Luis Feitosa, e dois filhos dela, Luis Fernando Floresta Feitosa, preso em Gurupi, e Luciano Floresta Feitosa, preso em São Paulo. A PF disse que eles recebiam as vantagens indevidas.
A defesa de Adriana acompanha o depoimento dela na sede da PF. O advogado de Luiz Fernando Floresta Feitosa disse que o cliente dele está sendo ouvido pela PF e que ele ainda está se inteirando dos fatos. O G1 tenta contato com a defesa dos outros presos.
Segundo o superintendente regional da PF no Tocantins, Arcelino Vieira, as outras cinco pessoas pessoas ”são ligadas a frigoríficos e também atuavam nos processos administrativos que eram encaminhados ao Ministério da Agricultura”. Uma delas é o fiscal da Adapec de Araguaína, Dawes Rodrigues Sousa Lima. Sobre a prisão dele, a Adapec disse que não tem conhecimento do fato porque não teve ainda acesso ás informações que constam no processo.
O período de investigação é entre os anos de 2010 e 2016, quando Adriana atuou como chefe de fiscalização e chegou a assumir como substituta a superintendência do órgão. Conforme a PF, ela é suspeita de receber dinheiro de empresas.
A servidora recebia para tratar de interesses de empresas fiscalizadas, seja adiantando ou atrasando procedimentos administrados. Há também a indicação de que ela tenha atuado na diminuição ou anulação de multas aplicadas. Era uma atividade que atendia mais a interesses das empresas do que interesse público”, explicou o superintendente.
Durante o período investigado, a PF descobriu por meio da quebra de sigilo bancário, que houve uma movimentação no valor de R$ 13 milhões. Destes, apenas R$ 3 milhões eram provenientes de remuneração salarial.
“O que excede a isso é uma movimentação de crédito sem uma origem. Boa parte dessa movimentação não identificada que chega a R$ 8 milhões é uma movimentação de origem de alguns frigoríficos ou pessoas ligadas a frigoríficos e laticínios. Houve decretação de bloqueio de bens de aproximadamente R$ 2,2 milhões do núcleo familiar da servidora porque até o momento é esse o valor que temos a certeza de que houve a locupletação pelo ilícito”, disse Arcelino.
Ainda conforme o delegado, os pagamentos eram frequentes e se realizavam por meio de depósito em contas e por pagamentos de boletos.

Empresas investigadas

No Tocantins, a PF fez busca e apreensão na Cooperativa dos Produtores de Carne e Derivados de Gurupi (Cooperfrigu); no frigorífico Frango Norte, em Paraíso do Tocantins e no frigorífico Minerva, que fica em Araguaína.
Em resposta, a Cooperfrigu informou que agentes da PF estiveram na Cooperativa para encontrar provas documentais com relação a possível esquema de corrupção envolvendo servidores do Ministério da Agricultura. A Cooperfrigu disse ainda que sempre teve bom relacionamento com o Ministério da Agricultura por meio de seus representantes legais, e nunca se envolveu em casos ilícitos.
O frigorífico Frango Norte disse que não vai se posicionar no momento. A produção da TV Anhanguera entrou em contato com o frigorífico Minerva, que ainda não se manifestou sobre o caso.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento disse que apoia integralmente a ação da Polícia Federal e vem colaborando com as investigações. Afirmou ainda que todos os servidores envolvidos na ação foram afastados preventivamente por 60 dias e, os que possuem cargos em comissão, exonerados das funções.
"Sobre a operação Lucas, envolvendo a Superintendência do Estado do Tocantins, é importante destacar que a servidora já estava exonerada há mais de 30 dias e que as investigações não atingem o sistema como um todo, se referindo a desvio de conduta de uma servidora", diz nota.
Por fim, o Ministério da Agricultura afirma que que mantém a mesma postura de transparência e de cooperação com as investigações, como ocorreu durante os trabalhos de investigação da Operação Carne Fraca, deflagrada em março deste ano.

Entenda

A operação "Lucas" foi deflagrada nesta terça-feira. Cerca de 120 policiais federais cumpriram 62 mandados judiciais no total, sendo 10 prisões temporárias, 16 mandados de condução coercitiva e 36 mandados de busca e apreensão, nos estados de Tocantins, Pará, São Paulo, Pernambuco e Distrito Federal.
A PF disse que a investigação começou após denúncias de que frigoríficos e empresas de laticínios teriam sido favorecidas em processos administrativos.
A operação foi batizada de Lucas, conforme a Polícia Federal, em referência à passagem bíblica que diz “não peçais mais do que o que vos está ordenado”. Os suspeitos poderão responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa, cujas penas podem chegar a 12 anos de prisão.

Trump deu informações secretas a chanceler russo, dizem funcionários

Presidente se reuniu com Lavrov e embaixador em meio a investigação de conluio; conteúdos dados por país aliado eram tão delicados que CIA teve de pedir censura

Atualizado: 
Trump e Lavrov se cumprimentam em encontro no Salão Oval AP
WASHINGTON - A acusação de que o presidente americano, Donald Trump, compartilhou informações altamente confidenciais com autoridades russas não apenas gerou fortes críticas de democratas e republicanos, mas também intensificou a difícil relação que o presidente mantém com as agências de Inteligência do país desde sua chegada à Casa Branca. Segundo o “Washington Post”, que fez a revelação, o país de origem das informações sobre um complô do Estado Islâmico (EI) não autorizara seu compartilhamento. Embora não possa ser considerada ilegal, uma vez que o mandatário tem o poder de reduzir o status de confidencialidade de qualquer informação que receba, a suposta decisão de Trump foi classificada pelo diário como “uma enorme violação da etiqueta da espionagem, que pode colocar em risco uma valiosíssima relação de compartilhamento de informações”.
Funcionários citados sob anonimato pelo jornal afirmam que as informações compartilhadas por Trump diziam respeito à proibição de notebooks em aviões, e foram transmitidas ao chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, e ao embaixador do país nos Estados Unidos, Sergey Kislyak. A informação teria sido passada à Inteligência americana por um país aliado não identificado, com conhecimento das rotinas internas do grupo jihadista, e foi considerada tão importante que não foi transmitida a outros aliados e teve circulação restrita dentro do governo americano.
O encontro entre o presidente e os representantes russos aconteceu na Casa Branca, um dia depois do anúncio da demissão do diretor do FBI (polícia federal americana), James Comey, que liderava a investigação da agência sobre possíveis ligações entre a campanha presidencial de Trump e o Kremlin.