sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Lula diz que não viu 'novidade' na declaração do Papa sobre aborto


'Isso é um comportamento da Igreja Católica desde que ela existe', disse.
Presidente visitou o Salão do Automóvel de São Paulo nesta sexta-feira.

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Lula visita Salão do Automóvel em São Paulo Presidente Lula visita Salão do Automóvel em
São Paulo nesta sexta-feira (Foto: Roney
Domingos/G1)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (29), no Salão Internacional do Automóvel, no Anhembi, em São Paulo que não viu novidade na declaração do Papa Bento XVI sobre o aborto.  Lula  deixou claro que a declaração, às vésperas da votação do segundo turno, marcado pela discussão sobre o aborto, pode ser emitida pelo pontífice todas as vezes que é questionado sobre o assunto.
"Não vi nenhuma novidade na declaração do Papa. Isso é um comportamento da Igreja Católica desde que ela existe. Se você for ver o que a Igreja Católica falava há dois mil anos atrás, ela falava exatamente o que o Papa falou. Isso pode ser falado a qualquer momento, pode ser falado ontem, hoje e amanhã", disse Lula. "Toda vez que perguntar para o Papa sobre a questão do aborto, ele vai dizer exatamente o que ele disse", afirmou.
Lula deixou claro que a questão deve ser resolvida na esfera privada. "Cada um vai de acordo com a sua consciência. Este país é democrático, um país laico. Portanto, as pessoas se manifestam do jeito que quiserem. A liberdade é bom por isso. Porque a gente ganha ou a gente perde, a gente pode pagar o preço pelos erros que cometeu", disse o presidente, para logo em seguida emendar: "Devo ter cometido muitos erros, mas pelo reconhecimento da sociedade brasileira, tive mais acertos."
Lula  criticou o  nível da campanha  e disse que sua candidata, Dilma Rousseff, foi vítima de preconceito. "Fiquei triste porque a campanha teve nível muito baixo. A candidata Dilma foi vítima de preconceito mais uma vez mostrado de forma arraigada contra a mulher brasileira."

Corinthians
Em fim de mandato, Lula disse que vai realizar um sonho ao deixar a presidência. "Uma coisa que eu quero fazer no ano que vem, prazerosamente, é comprar um ingresso no Pacaembu, sentar na arquibancada e ver um jogo de futebol. Faz dez anos que eu não faço isso."
Lula não quis responder sobre a possibilidade de o Corinthians ser campeão e rejeitou a ideia de ser presidente do clube.
Fotografado durante a feira ao lado de vários modelos importados, Lula afirmou que não pretende comprar carro para quando deixar a presidência. "Um ex-presidente não pode utilizar aqueles carros, são muito bonitos."
Provocado pelos repórteres sobre a beleza das moças que expõem os carros, desconversou. "Nem vi as modelos, olhei só os modelos (carros.)"
Lula brincou com os repórteres ao se despedir. "Boa eleição, todo mundo comparecendo para votar. Se não tiver candidato e ainda estiver indefinido, vote na minha candidata." O presidente visitou o vice-presidente José Alencar no hospital Sírio-Libanês antes de embarcar para Recife (PE).
Balanço positivo
O presidente  comemorou os indicadores de emprego ao final de seu mandato e reafirmou a possibilidade de a economia brasileira ultrapassar a de países desenvolvidos.
" Acho que o Brasil vai chegar ao final do ano com vários indicadores na área econômica comose fosse um país desenvolvido e altamente desenvolvido. Os índices de desemprego divulgado pelo IBGE nesta semana, de 6,2 no Brasil, contra 10 nos Estados Unidos e Europa, demonstram que o Brasil pode ser considerado em situação de pleno emprego. Eu vejo em um horizonte de futuro só melhora para o Brasil. Não há como o Brasil retroceder. O mundo está acreditando no Brasil. O caminho está totalmente sólido para o que o Brasil se tranforme rapidamente em uma economia avançada."

O presidente afirmou que o Brasil sobe no ranking mundial de produção de carros e pode ameaçar os líderes da lista. "Nós éramos outro dia o sexto país produtor de automóveis. Já somos o quarto país produtor do mundo. Ou seja,  se os chineses vacilarem, e os americanos, daqui a pouco já estaremos passando eles e o Japão. É bom eles começarem a produzir logo e a vender carro. Acabar com a recessão para que a gente possa mandar nossos produtos para lá."
O presidente  disse que fará uma reunião com as montadoras antes do final do ano para discutir ajustes e tratar dos carros híbridos, tecnologia que, segundo ele, ainda é embrionária. "Nós estamos avançando. Se vocês visitarem a feira, vocês vão perceber a quantidade de carros híbridos. Estamos no caminho certo para encontrar mais alternativas."