terça-feira, 13 de julho de 2010

Delegado desconfia de testemunha após acareação com vigia do caso Mércia

Depois de uma acareação na manhã desta terça-feira, o vigia Evandro Bezerra da Silva, suspeito de envolvimento na morte da advogada Mércia Nakashima, 28, negou conhecer a testemunha que, segundo a polícia paulista, afirmou que ele recebeu R$ 5.000 do ex-namorado da jovem, também acusado pelo crime.
Silva ficou frente a frente com o homem. Segundo o delegado responsável pelo caso, Antônio Olim, a suspeita depois da acareação é que a testemunha esteja mentindo.
"Não recebi nada e não conheço [a testemunha]", afirmou Silva quando deixou o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), após a acareação, para voltar para a prisão. A polícia afirma que agora vai investigar as divergências entre os depoimentos.
Antes da acareação, Olim afirmou que a testemunha havia relatado duas conversas telefônicas com Silva. Na primeira, o vigia teria dito que recebeu a oferta de R$ 5.000 para "fazer coisa errada" e perguntou o que Silva achava. Na segunda, depois da morte de Mércia, Silva teria dito que estava sendo ameaçado e pediu ajuda à testemunha.
O homem procurou a polícia em companhia da família de Mércia, dizendo que conhecia o vigia e gostaria de ajudar nas investigações. Os dois teriam se conhecido porque a testemunha fazia "bicos" para Silva. "Outras pessoas vieram aqui dizendo que viram a Mércia, que viram o Mizael na [via] Dutra, e era tudo mentira", disse o delegado. Para ele, a testemunha pode ser uma dessas pessoas "que está querendo aparecer". O delegado disse que abrirá um inquérito por falso testemunho caso seja comprovado que o homem mentiu para a polícia.
Ainda segundo Olim, é preciso investigar também se Silva foi apenas buscar Mizael Bispo de Souza --ex-namorado de Mércia-- na represa, como afirmou em depoimento, ou se participou da morte de Mércia. Mas ressaltou que a versão do vigia bate com o que foi dito pelo pescador que viu o carro de Mércia ser empurrado na represa.
Histórico
Mércia foi vista pela última vez na casa dos seus avós no dia 23 de maio. O carro da advogada foi encontrado no dia 10 de junho em uma represa na cidade de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo), após indicação de um homem que viu o veículo ser empurrado enquanto pescava. No dia seguinte seu corpo foi encontrado no mesmo local, após ela ter ficado desaparecida por 17 dias.
O vigia foi preso na madrugada de sexta-feira em Sergipe e tranferido para São Paulo no dia seguinte. Em um primeiro depoimento, à polícia sergipana, ele negou qualquer envolvimento no crime, mas mudou a versão posteriomente, acusando o ex-namorado de Mércia. Ele teria dito que combinou com Souza de buscá-lo à noite na represa. Para a polícia, Silva e Souza criaram uma armadilha para Mércia.
"No calor da apresentação na delegacia, o Evandro disse o que ele quis. Só que ao mostrar as evidências ou ele negaria ou ele tentaria adequar a versão para minimizar a participação dele, como ele fez. Ele disse que não matou a Mércia, apenas socorreu o amigo que estava sozinho na beira da represa", afirmou o delegado Olim.
"Ele [Souza] ia quase todos os dias ao posto do Evandro, mas não entrava porque sabia que tinha câmeras de segurança. Ele parava do lado, pegamos todas as câmeras. Ele não é primário, tudo ele premeditou e soube fazer. O motivo foi porque ele achou que estava sendo traído. Depois de terminar o namoro, ele seguia a Mércia", disse ainda.
Mizael permanecia foragido na manhã desta terça-feira, após ter sido decretada sua prisão no último sábado (10). Na segunda-feira (12), o Ministério Público pediu a conversão da prisão temporária em preventiva. Souza deve ser indiciado ainda nesta semana.
O advogado de Souza, Samir Haddad Júnior, afirmou que vai entrar com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça nesta terça-feira (13). "Se não der, vou para Brasília. A prisão é ilegal, arbitrária", disse Haddad. "São provas fracas, [Silva] foi coagido para incriminar Mizael."

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