Ato reuniu mil pessoas, neste sábado (14), durante manhã mais fria do ano.
Movimento luta pelo fim da violência contra a mulher e pela igualdade.
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De acordo com o Instituto Meteorológico (Simepar), a manhã deste sábado foi a mais fria do ano, com mínima de 3,9°C. “A gente não sente frio. O calor da manifestação esquenta”, assegurou uma manifestante. Com o rosto coberto e os seios a mostra, ela preferiu não se identificar. Para a assistente comercial Bianca Arantes “mulher de respeito vai para a rua faça geada ou faça sol”. Ela também tirou a blusa para protestar.
Mulheres tiram a blusa em Marcha das Vadias, em Curitiba (Foto: Aline Lamas/G1)
Durante a passeata, manifestantes pintaram o corpo e exibiam faixas e
cartazes. “A mulher pelada é utilizada o tempo todo pela mídia. Hoje a
gente está tirando a blusa por um motivo muito mais justo que é o
feminismo e a igualdade”, declarou a estudante, Gabriela Caramuru.Para Máira de Souza Nunes, coordenadora da marcha curitibana, a nudez e o termo vadia são a marca do movimento . “Nós achamos que a reapropriação do termo ‘vadia’ é essencial para discutir a violência, porque quando o homem bate na mulher, ele faz isso chamando ela de vadia. Quando o homem estupra, ele faz isso porque considera que ela é vadia. Queremos que essa palavra deixe de ser ofensiva e se torne uma palavra de luta”.
Organizado pelas redes sociais, o evento em Curitiba tinha 3.033 presenças confirmadas no Facebook. Essa é a segunda edição da marcha, que no ano passado também reuniu mil pessoas.
Manifestante pinta estátua da Mulher Nua, em
Curitiba (Foto: Aline Lamas/G1)
A marcha saiu às 11h do Passeio Público e percorreu diversos pontos do
Cento de Curitiba. Na Praça 19 de Dezembro, as manifestantes realizaram
protesto em frente à estátua da Mulher Nua. O monumento foi lavado pelas
mulheres, que passaram batom na boca da estátua, colocaram-na uma coroa
de flores e um lenço no pescoço, ao som da música de Milton Nascimento,
“Maria Maria”.Curitiba (Foto: Aline Lamas/G1)
Keily Michele já sofreu agrassões e marchou pelo
fim da violência doméstica (Foto: Aline Lamas/G1)
Escoltada pela Polícia Militar e pelo Secretaria Municipal de Trânsito
(Setran), a manifestação chegou a bloquear totalmente o tráfego em
algumas ruas da cidade como a Barão de Serra Azul. As mulheres marcharam
até a Boca Maldita, onde o protesto foi encerrado com um show.fim da violência doméstica (Foto: Aline Lamas/G1)
Violência contra mulher
Com a maquiagem simulando lágrimas de sangue, Keily Michele marchou pelo fim da violência doméstica. “Eu vi muito amigos, pessoas queridas da minha família sofrendo violência, pelo fato da cultura machista fazer a gente pensar que merece sofrer, que merece ser vitima de abuso”, relembra a moça.
Ela mesma já foi vítima das agressões físicas e verbais de um namorado. “Hoje, eu sou uma noiva vadia em luto pela violência no Paraná”. O estado é o terceiro no ranking nacional onde mais mulheres são assassinadas, de acordo com o Mapa da Violência 2012, divulgado pelo Instituo Sangari. Só em Curitiba, 115 mulheres foram assassinadas em 2011 e 30 mulheres foram mortas no início de 2012.
A Marcha surgiu no Canadá, em 2011, e está em sua segunda edição. Após uma onda de estupros ocorridos na Universidade de Toronto, um policial, convidado para orientar sobre segurança, disse que as mulheres poderiam evitar o estupro se “não se vestissem como vadias”. Essa fala gerou indignação e diversos protestos que culminaram na primeira Marcha das Vadias. O movimento, que se espalhou pelo mundo, questiona a cultura de responsabilizar as mulheres em casos de agressão sexual.
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