sábado, 28 de janeiro de 2012

Enterrada mulher que falava no MSN com marido antes de desabamento

A bolsa de Alessandra foi encontrada na sexta com documentos e dinheiro.
Três prédios desabaram na quarta-feira à noite no Centro do Rio.

Alba Valéria MendonçaDo G1 RJ
20 comentários
Victor Lima (Foto: Jadson Marques/AE)Vitor, marido de Alessandra, estava bastante
emocionado no enterro (Foto: Jadson Marques/AE)
O corpo de Alessandra Alves Lima, de 29 anos, funcionária de uma empresa de informática que funcionava em um dos prédios que desabou no Rio, foi sepultado na no jazigo da família tarde deste sábado (28) no cemitério de Ricardo de Albuquerque, no subúrbio.
Na sexta-feira (27), a bolsa dela foi encontrada nos escombros e mais tarde seu corpo foi encontrado e reconhecido pela família. Ela falava com o marido Vitor Lima pelo MSN no computador quando, com o desabamento do prédio, a conexão foi cortada. Eles eram casados há quase 3 anos.
A webdesigner tinha muitos planos para 2012, segundo o sogro Maurício Chirito, como engravidar e fazer uma viagem aos EUA com o marido. "Foi uma fatalidade. Ela saia as19h do trabalho, mas como tinha chegado atrasada decidiu ficar até 21h. Ela já estava saindo quando o prédio caiu", disse o sogro.
Segundo a madrasta de Vítor, Sueli, o casal vivia em eterno romance. No último dia 13 de janeiro, para celebrar o aniversário do marido, Alessandra deu de presente a Vitor uma segunda lua-de-mel. O casal fez um cruzeiro de cinco dias pela costa do Brasil.
"Eles tinham acabado de fazer obras na casa em Deodoro (no subúrbio do Rio), e faziam muitos planos. O ano de 2012 seria um ano de realizações para eles. Mas como no filme "Amor para recordar", tudo foi interrompido. Sendo que no filme, ela sofre uma doença fatal. Aqui, foi o destino que separou o casal', disse Sueli.
Também neste sábado (28), foi sepultado o corpo de Margarida Vieira de Carvalho, de 65, vítima do desabamento do edifício Liberdade. Margarida era mulher de Cornélio Ribeiro Lopes, zelador do prédio de 20 andares que desabou. Ele também morreu no desabamento.
O corpo de Margarida foi sepultado no Cemitério do Catumbi, no Centro. O casal vivia junto havia quase 30 anos e não tinha filhos. Mas Cornélio tinha uma filha de um outro relacionamento.
Cornélio e Margarida (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)Cornélio e Margarida viviam juntos havia quase 30
anos (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Muito emocionada, a sobrinha do casal, Joana, foi uma das primeiras a chegar ao local. Segundo a prima de Margarida, com a morte do casal, a sobrinha, que vivia com eles, vai ficar sozinha na cidade. O casal já tinha comprado uma casa e se preparava para mudar para Ipueiras, no Ceará, em fevereiro, porque Cornélio sofria de problemas cardíacos e havia dito que tinha medo de morrer no Rio.
 
Enterros de sexta
O primeiro enterro de uma das vítimas dos desabamentos dos três prédios do Centro do Rio foi realizado na manhã da sexta-feira (27). Sob aplausos, o corpo de Celso Renato Braga Cabral, de 46 anos, foi sepultado por volta das 10h30 no Cemitério de Maruí, em Niterói, na Região Metropolitana.
Ele tinha 46 anos e trabalhava no departamento pessoal da empresa Tecnologia Organizacional (TO), que funcionava num dos prédios que desabou. 
“Era um cara que dedicava aos irmãos, à família, ao pai e ao pessoal todo que está aí. O enterro dele tem bastante gente por ele ser um cara bom.  Um camarada novo, que estava sempre junto com todos, um homem de igreja, um homem temente a Deus”, disse o eletricista de auto Roberto de Oliveira, amigo da vítima.
Cabral era casado e deixa um casal de filhos. Mais de cem pessoas, entre parentes  e amigos, acompanharam o funeral mesmo debaixo de chuva. Eles rezaram uma Ave Maria e gritaram por três vezes: "Viva Celsinho!, Viva Celsinho!, Viva Celsinho!"
Zelador prédio Rio (Foto: Marcos de Paula/AE)Sandra chora no caixão do pai, Cornélio Ribeiro
Lopes, zelador prédio que ruiu no Rio
(Arquivo/Foto: Marcos de Paula/AE)
Zelador
O corpo do zelador do prédio de 20 andares que desabou, Cornélio Ribeiro Lopes, de 73 anos, foi enterrado por volta das 15h da sexta, no cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul. Cerca de 30 pessoas acompanharam o sepultamento.
Ele trabalhava havia 20 anos como zelador do prédio e vivia no último andar do edifício. O corpo da mulher dele, Margarida, foi identificado nesta sexta.
A filha do casal, Sandra Maria Ribeiro, evitou falar sobre a tragédia. "Não estou culpando ninguém", disse ela.
Amiga da família de Cornélio há mais de 20 anos, a aposentada Beatriz Ferreira de Souza, de 64 anos, contou que antes de ser zelador ele era cozinheiro. "Era uma pessoa muito boa, alegre, muito trabalhador", descreveu ela.
Enterro de advogado que morreu no desabamento (Foto: Bernardo Tabak/G1)Enterro de advogado que morreu no desabamento
(Foto: Bernardo Tabak/G1)
Advogado
O advogado Nilson Assunção Ferreira, de 50 anos, foi enterrado no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária, por volta das 16h30 da sexta. Ele trabalhava num dos três prédios que desabaram no Centro e foi a terceira vítima a ser enterrada.
Com uma bandeira do Fluminense envolvendo o caixão, o corpo de Nilson foi velado por cerca de 150 amigos e familiares que aplaudiram o advogado e rezaram uma Ave Maria.
“O sentimento da família é de perda total. É uma família destruída. Ele tem dois filhos, duas netinhas, a esposa, a mãe. Não tem palavra que resuma o sentimento de perda neste momento, porque foi uma tragédia, uma catástrofe”, disse Márcia de Assunção Ferreira, irmã de Nílson.
O filho de Nilson, o contador Everton Generoso Assunção Ferreira, de 24 anos, afirmou que acredita em duas hipóteses para o incidente: má conservação do prédio e uma obra que havia no nono andar. “Mas hipótese em que mais acredito é a da falta de manutenção por parte da administração do condomínio," disse Everton.

Everton contou que deixou o Edifício Liberdade, onde trabalhava junto com o pai, pouco antes do desabamento. “Eu saí do prédio uns cinco a dez minutos antes. Não ouvi nada. Peguei meu carro e já estava longe. Soube por um amigo que ligou e disse: ‘Olha, um prédio lá no Centro, perto do Theatro Municipal, desabou,’” contou ele.
Sobre a obra que havia no nono andar, Everton estranhou a falta de colunas no local. “Eu passei pela obra e vi que não havia nenhuma viga. O andar estava completamente aberto. É uma hipótese, mas acho que uma obra não causaria isso”, ressaltou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu Comentario: Deus o(a) Abençoe...