Tragédia aconteceu na escola Barquinho Amarelo, em provável disparo acidental de revólver calibre 38
Ana Lúcia Gonçalves - Da Sucursal do Leste do Estado - 1/12/2010 - 18:51
Leonardo Morais
Policiais permaneceram próximo aos portões da escola, que tem cerca de mil alunos
CARATINGA – Um menino de 9 anos morreu baleado na cabeça, na manhã desta quarta-feira (1º), no pátio da escola onde estudava, em Caratinga, no Vale do Rio Doce. Supostamente, ele estaria brincando de roleta russa com um revólver levado por um colega, de 12 anos. Era hora do recreio e cerca de 400 alunos estavam no pátio. De acordo com informações da Polícia Militar, a arma pertence ao primo do adolescente de 12 anos, o desempregado Wellerson Martins Costa, 20 anos, o “Ferinha”, que teria passagens por tráfico de drogas, assalto e também porte ilegal de armas.
Passava pouco das 9 horas quando o estampido foi ouvido. Os alunos que estavam no pátio da Escola Municipal Barquinho Amarelo, de educação infantil e fundamental, no Bairro Santa Cruz, começaram a correr, assustados. Segundo o comandante do Posto de Polícia Comunitária do bairro, sargento Marco Aurélio de Carvalho, o socorro chegou rápido, mas a criança morreu logo após receber atendimento médico, na unidade de pronto atendimento da cidade. Ele cursava o terceiro ano.
O revólver calibre 38 e o adolescente de 12 anos, que é estudante do 5º ano, foram apreendidos. De acordo com a PM, a arma tinha uma munição intacta e outra deflagrada. Segundo o sargento, a PM descobriu que “Ferinha” usou a arma para assaltar um supermercado da cidade na noite desta segunda-feira e o primo viu onde ele a escondeu, dentro de casa. Na manhã seguinte, colocou-a dentro da mochila e a levou para a escola. Apesar de testemunhas terem informado que brincavam de roleta russa, o sargento descarta essa possibilidade, e também a de homicídio.
“Pelo que apuramos, os dois eram amigos e olhavam juntos o revólver, por pura curiosidade. O de nove anos sacou a arma primeiro, mas não conseguiu atirar. A bala mascou. Aí o de 12 anos fez o mesmo, mas acabou atingindo o colega na nuca. A intenção dele era atirar para cima, mas a arma disparou antes”, explicou o sargento PM. O caso está sendo investigado pela delegada Naiara Travassos Costa, que ouviu o adolescente na tarde desta quarta-feira. A versão que ele apresentou é a mesma do policial militar, de disparo acidental. O adolescente foi autuado e entregue ao Ministério Público (MP).
Parentes confirmam que crianças eram amigas
Uma das irmãs da criança que morreu baleada, a vendedora Daniela de Assis, 20 anos, contou que os meninos andavam sempre juntos – eles moravam no mesmo bairro, o Anápolis - e não imaginava “que isso pudesse acontecer um dia”. Abalados, os pais não falaram com a imprensa. A diarista Graziela Cristina Ribeiro de Oliveira, 24 anos, prima do adolescente acusado de atirar, disse o mesmo. Ela contou que o primo não tem irmãos, o pai morreu assassinado e a mãe mora em outra cidade. Ele é criado pela avó na mesma casa em que mora “Ferinha”. “Não sabemos o que aconteceu. A única certeza é que ele não teve a intenção de matar aquele menino”, disse ela.
Os estudantes foram dispensados das aulas logo após o acidente, pela manhã. Os que chegaram para o turno da tarde, por volta das 13 horas, encontraram portões trancados e militares da 22ª Companhia Independente de Polícia Militar nas imediações. Um bilhete assinado pela direção da escola, afixado na portaria, avisava que não haveria aula nesta quarta-feira.
A secretária Municipal de Educação de Caratinga, Maria do Carmo da Silveira, lamentou o ocorrido e classificou o caso como um fato isolado. Segundo ela, a Escola Municipal Barquinho Amarelo tem cerca de mil alunos divididos em três turnos e apesar de ser uma das escolas mais movimentadas, é também uma das mais tranquilas da cidade “porque tem equipe comprometida com o trabalho e alunos”.
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